
Medições de Resistência de Pé de Torre
Necessidade: As torres de transmissão convivem diariamente com um inimigo invisível: descargas atmosféricas e correntes de fuga que procuram o caminho de menor resistência para se dissipar no solo. Se o aterramento de uma torre não estiver funcionando como deveria, a estrutura pode experimentar sobretensões perigosas, danos nos equipamentos e até riscos à segurança de equipes e da população.
A medição da resistência de pé de torre é, portanto, uma etapa indispensável para avaliar a eficiência do sistema de aterramento instalado, verificar conformidade com normas e garantir o desempenho eletromecânico da linha de transmissão. Sem esse ensaio, o funcionamento de uma rede elétrica depende de suposições — e a eletricidade não costuma perdoar suposições otimistas.
Objetivo: A atividade tem como objetivo determinar a resistência elétrica de aterramento de cada torre, verificando se o valor está dentro dos parâmetros exigidos para a proteção adequada contra descargas atmosféricas e correntes de falha.
O ensaio fornece dados essenciais para inspeção, manutenção preventiva e correção de sistemas que possam estar deteriorados, rompidos ou com contato deficiente com o solo.
Normas que Regulam e Norteiam: A medição de resistência de pé de torre é regida por normas técnicas amplamente reconhecidas, que asseguram a padronização dos procedimentos e a confiabilidade dos resultados:
- NBR 15751 – Sistemas de Aterramento – Requisitos
- NBR 5419 – Proteção Contra Descargas Atmosféricas
- IEEE Std 81 – Guide for Measuring Earth Resistivity, Ground Impedance and Earth Surface Potentials
- IEEE Std 80 – Guide for Safety in AC Substation Grounding (referenciada para parâmetros e comportamento de correntes de falha)
- Manuais e diretrizes das concessionárias de transmissão (ONS, EPE, ou normas internas específicas)
Essas normas definem métodos de medição, distâncias de eletrodos auxiliares e cuidados para evitar interferências da própria malha de aterramento ou de torres adjacentes.
Público-Alvo: O ensaio é destinado principalmente a:
- Empresas de transmissão e distribuição de energia
- Engenheiros eletricistas e equipes de manutenção de linhas de transmissão
- Empresas de engenharia consultiva
- Projetistas de sistemas de aterramento de alta tensão
- Concessionárias e empreiteiras de obras lineares
- Setor de inspeção, comissionamento e diagnóstico de infraestrutura elétrica
Descrição Técnica da Atividade: A medição de resistência de pé de torre consiste na avaliação da resistência elétrica que a estrutura oferece ao escoamento da corrente para o solo.
O procedimento clássico é feito com um terrômetro, utilizando o Método da Queda de Potencial (Fall of Potential – 62%), adaptado às particularidades das torres de transmissão.
O processo envolve:
- Isolamento do aterramento da torre (quando aplicável).
- Instalação de um eletrodo de corrente a uma distância adequada, normalmente entre 100 m e 300 m, dependendo das características do solo e do comprimento da malha da torre.
- Instalação de um eletrodo de potencial entre a torre e o eletrodo de corrente.
- Aplicação de corrente pelo terrômetro e leitura da diferença de potencial para cálculo da resistência.
- Repetição das leituras para garantir estabilidade e confiabilidade.
Em torres próximas umas das outras, pode ser necessário realizar compensações ou utilizar métodos especiais para evitar influência mútua entre malhas.
O resultado final indica se o aterramento da torre dissipa corrente de maneira eficaz, atendendo aos limites estabelecidos e contribuindo para a segurança da rede.
Resumo da Atividade: A medição de resistência de pé de torre é um procedimento fundamental de segurança e confiabilidade em sistemas de transmissão. Com o uso de terrômetro e metodologia padronizada, avalia-se se cada torre possui um caminho eficaz de dissipação de correntes para o solo. O ensaio segue normas técnicas e boas práticas internacionais e ajuda a prevenir falhas, quedas de desempenho e riscos associados a descargas atmosféricas.
É uma atividade que garante que a rede elétrica esteja protegida do imprevisível — e que cada torre esteja devidamente conectada à vasta e silenciosa malha condutora que é o solo.
